© Alec Soth, Luxora, Arkansas, 2002
Geoff Dyer sugere que o livro de estreia de Soth está para a tradição fotográfica americana como o delta do Mississippi para o seu longo estuário: um delta formado por um aluvião do passado, atravessado por uma corrente que nunca para de o atravessar.
A história da arte”, explica Dyer, “é o contrário do campismo selvagem: supõe-se que você deixa um rasto.” Quem vem depois, lembra, está condenado a viver com esse rasto: “Poluída com restos de América, parece ser um lugar onde, ao longo do tempo, fotógrafos de todos os géneros se juntaram para um piquenique e seguiram o seu caminho — sem se darem ao trabalho de limpar a sujeira que deixaram. Tão desarrumado está que não nos levariam a mal se pensássemos que foi deixado naquele estado deliberadamente. Quer dizer, é como se um dos fotógrafos que por ali passaram pudesse ter sido Jeff Wall”.
Embora desligada, a televisão no canto transforma tudo numa imagem de Shore de visita a uma imagem de Friedlander, de visita a uma imagem de Frank, de visita a uma imagem de Evans — feita por Alec Soth. Tal como a de Luxora, esta imagem é, assim, uma fantasmagoria, uma invocação, um rendez-vous. O buraco tapado no soalho cria um ponto de fuga misterioso e porventura literal: um alçapão por onde escapar desse quarto assombrado:
© Alec Soth | Magnum Photos. Green Island, Iowa, USA. 2002. SHORE:
© Stephen Shore and 303 Gallery, New York. Room 125, Westbank Motel, Idaho Falls, Idaho, July 18, 1973, from the Uncommon Places series.
FRIEDLANDER:
etc.
© Lee Friedlander, Fraekel Gallery, San Francisco
FRANK:
© Robert Frank
EVANS: